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Pico – um destino sem viagens

 

 

“A viagem será um pouco mais curta, teremos vento pela cauda e pouparemos cerca de 15 minutos na rota. O tempo está bom na Ilha do Faial”- informou o comandante.

Fiquei mais descansado, não fosse o vento de sudoeste que na véspera tinha cancelado as ligações para o Pico, fazer-nos andar aos solavancos, antes de aterrarmos na pista de Castelo Branco.

É um aeroporto pequeno, o do Faial, feito, ao que se diz, contra a vontade de Salazar que julgava que a nova pista estava a ser feita na ilha do Pico.      

Desde então, só após o 25 de Abril e com o empenho de militares, a Ilha Montanha teve também uma estrututura aeroportuária, penalizada mais pela pouca expressão política da ilha que pela falta de espaço. Este, se os homens quisessem, daria até para aterrarem vai-vens espaciais.

Nos voos diários entre Lisboa e o Faial, operados pela TAP e SATA-Internacional, viajam muitos passageiros para o Pico, cuja população se equipara à da ilha em frente.

E embora hoje tenha também uma pista com dimensões iguais à faialense e infraestruturas de apoio indispensáveis à navegação construídas pelo Governo dos Açores, continua  a diferenciação negativa restringindo a um voo semanal as ligações com Lisboa, penalizadas por um inconcebível toque na Terceira.

Esta é uma constante reivindicação dos picoenses e não se vê quem terá a coragem de a satisfazer. Se o Governo dos Açores quisesse, poderia ordenar à SATA-Internacional que realizasse mais um voo semanal. Não o faz, se bem que isso rentabilizaria os largos milhões ali investidos.

Recentemente, foi anunciado que o Governo da República não está disposto a proceder à ampliação da pista do Aeroporto da Horta, pertença da ANA-EP.
Assim sendo, compete ao Executivo Açoriano, proceder ao aumento da pista do Aerporto do Pico, frequentemente penalizada pelos ventos fortes de sudoeste que descem a montanha e cancelam os voos. A instalação de equipamentos do sistema de aterragem por instrumentos (ILS), é importante mas para suprir a falta de visibilidade, o que não é o caso, porém a intensidade dos ventos pode ser combatida – dizem os entendidos – com o aumento da pista,  e sem grandes custos.

Está na altura de tomar opções – as melhores opções! - para fazer face a um sector de atividade que deve expandir-se para segmentos singulares do turismo de natureza.

Raúl Brandão, quando em Julho de 1924 visitou o Pico ficou encantado com esta ilha. Nas suas impressões de viagem, publicadas em 1926 em “Ilhas Desconhecidas”, o cronista  tece considerações como esta: “O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela pertence, duma cor admirável e com estranho poder de atracção”. E noutra passagem: “Ninguém me tira dos olhos este extraordinário Pico, presidindo como uma grande figura no meio do oceano a todo o arquipélago dos Açores”. “Se eu vivesse aqui queria uma casa e uma cama onde só visse o Pico. Ele enchia-me a vida.”

De tal modo ficou Brandão tocado pela ilha que afirma: “a terra do Pico cheira”. “O ar do Pico é maravilhosio de finura e graça. Chove e seca logo. Esta pedra porosa absorve a humidade como uma esponja.”

Se por cá passasse nesta altura do ano, em que os incensos floridos exalam uma fragrância inebriante, Raúl Brandão concordaria, certamente, com os marinheiros picarotos que, ao perderem a terra de vista, apercebem-se pelo cheiro estar próximos da ilha.

Quando noutras regiões do país se promove o destino das amendoeiras em flôr, por que não seguimos o exemplo e captamos visitantes continentais desconfortados com o frio e a terra seca, para esta natureza verde, exuberante e de intensos aromas?

Muitos outros, nos últimos tempos, tem aconselhado esta Ilha, como destino singular.

Então o que falta para apostar na rota do Pico?


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